terça-feira, 19 de novembro de 2013

Antes chegar que partir!

Como podia um pai não ter saudades de uma filha assim?!
Que não dormia de excitação por saber que o "papá está de volta!"; que se vestiu e calçou a preceito para ir buscá-lo ao aeroporto; que sabia na ponta da língua todos os episódios e histórias da sua vida agitadíssima de criança e que obrigatoriamente partilhou com o pai logo à chegada (acredito que para o sentir perto, para o acolher rapidamente); que correu para um abraço forte de apego, de amor, de saudade... de "fazes-me falta, pai!"
O meu coração de mãe ficou apertadinho de orgulho. A M. está crescida! E isso, confesso, aborrece-me! Às vezes, sem pensar muito na barbaridade que digo (de forma sentido), deixo que me saia pela boca fora... "Filha, pára de crescer!" e abraço-a, e dou-lhe tantos beijos que quase a sufoco, e agarro-a contra o meu peito como se não houvesse dia seguinte, e quase choro com medo de perder aquele abraço de criança que tanto amo e que receio perder depressa demais.
Tenho o abraço do J., certo! Um abraço ainda mais pequenino. Certo! Mas cada abraço é um abraço. Cada filho tem o seu lugar no coração da sua mãe. E para mim, mãe de dois, o amor não é dividido é multiplicado. A M. e o J. ocupam o mesmo lugar no meu coração - o lugar de filho/a.
Estou carente!? Se calhar é isso! Mas isso faz-me olhar para os meus filhos com bondade, com gratidão, com vontade de aproveitar muito todas estas histórias, todos estes episódios que ajudam a construir uma história - a nossa história, aquela que os ajudará a crescer e que um dia eles irão recordar com a mesma saudade, a mesma ternura, o mesmo olhar melancólico com que hoje escrevo estas linhas. 

Vestido Maria Amora e botas à cavaleira da Haiti

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