quinta-feira, 14 de maio de 2015

M. à procura da Polaris

Há dias assim filha, em que me sinto tão perdida como tu. Em que não entendo porque não chega todo o bem que te faço, em que a esperança de um dia feliz se esgota no último minuto. 
Olho-te nos olhos M. e vejo que estás perdida, como um barco sem norte que navega pela força da maré... Há dias em que me sinto exatamente assim, talvez por isso saiba ler nos teus olhos os que os meus tantas vezes tentam esconder.
Sei que escreveres o que te angustia nas páginas Violetta do teu diário pindérico não minimiza o que te faz doer a alma, menos ainda resolve os teus problemas... Sei que tens razão, amanhã quando acordares tudo estará como ontem - na nossa casa, na escola, na nossa vida rotineira. Não sou mágica, muito menos fada madrinha do conto Cinderela, como mãe as tuas angústias são divididas comigo e tento nesses casos que fiques com a menor parte. Fazer rasgar o teu sorriso bem-disposto é o meu maior desafio diário na mesma medida em que procuro reduzir os teus ataques de insegurança e fúria, que vão chegando num crescendo angustiante... 
Tento amar-te no pouco tempo que nos resta depois das obrigações diárias - depois de TPC's, banhos, jantar e xixi, cama... Mas sei que um amor não substitui outro e que o espaço livre no teu coração faz-se ver nas tuas atitudes, no teu choro constante, na tua falta de confiança e auto-estima, nas palavras duras que proferes sem pensar.
Estás magoada, eu entendo isso. Os motivos são fortes para uma criança de apenas 7 anos que devia saber o significado das palavras amor, família, união, amizade e vive diariamente com uma palavra cravada no coração - saudade. Mas sabes querida, magoar os que te amam, afasta-los de ti vai doer-te ainda mais. 
Doce M. que recordo alegre e ternurenta, volta, estás perdoada! 

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