O sol das manhãs entra todos os dias pela minha janela e confesso que é com o ar mais preguiçoso e mais aborrecido que me recuso a abrir os olhos. Instintivamente dou uma palmada raivosa no despertador que teima em tocar e peço mais 5 minutos, e depois mais 5, e logo de seguida mais 5... e contam-se já mais de 7 dias nesta luta em que sempre vencida e o tempo vencedor.
Estou a precisar de férias! Meeeesmo!
Já não é cansaço físico que sinto (sinceramente quase já não sinto o corpo), a sensação que tenho é de que a minha alma (paciente e bondosa quase sempre) não está com pachorra para aturar as solicitações alheias.
Foram oito meses difíceis! Muito desafiantes, que me encheram tantas vezes as medidas, que testaram as minhas capacidades não raras vezes ao limite, que ora me empolgaram ora me fizeram desesperar... mas também muito exigentes, que me fizeram muitas vezes esquecer as prioridades e correr corredores lado a lado com a palavra remorsos (de mãe, que são os piores!). Oito meses de uma carga emocional pesada, de dias em que não raras vezes o apetite de 1 a 10 era zero e as dores de cabeça insuportáveis numa escala de 1 a 10 foram 11. Resumidamente foram 8 meses sem férias (dois dias colados ao fim-de-semana não contam) que me fazem suspirar pela pausa bem merecida.
Quero praia, quero sol na cara, quero brincadeiras na areia com direito a castelos de areia e pernas subterradas, quero bolas de praia e todas as delícias que me cairão (estou certa) na barriga sem remorsos, quero tardes de piscina e noites sem ter que preocupar-me com o jantar, quero sentir o teu corpo com cheirinho a férias no caribé (apesar de apenas termos descido a sul), quero umas mãos pequeninas a passar-me creme protetor nas costas, quero deixar de sentir saudades e voltar a sentir-nos família, quero comer gelados e rir muito... no fundo, resumidamente, quero apenas voltar a sentir-me viva. Sentir que nestas veias ainda corre um sangue fervilhante e que não sou um cyborg fora de validade que age metodicamente, que já não surpreende ninguém, nem a si mesma!
Férias precisam-se e deixemo-nos de conversa! Pode ser?
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