quinta-feira, 15 de maio de 2014

All I need is Family!

Não nasci num berço de ouro mas fui uma criança muito feliz. 
Brinquei na rua de pé descalço sempre que possível, com berlindes e caricas ou a saltar à corda.
Soube o que era sair da escola, sem receios ou medos, apenas com a vontade de chegar a casa e sentir o colo da minha mãe que me aguardava ansiosa com um iogurte ou um copo de leite prontinho e um pão com Planta.
Recordo os pequenos almoços na cama ao sábado de manhã que a mãe com ternura preparava (mesmo depois dos 18) e o gira-discos com ABBA de que o meu pai não prescindia todas essas manhãs enquanto inventava trabalho. Impressionante como ainda hoje com mais de 60 ainda o conheço assim!
Ouço o barulho das gargalhadas dos nossos domingos! O dia começava da melhor forma, na cama dos pais a ver clássicos da Disney, e continuava exatamente no formato que, quanto a mim, este dia da semana deve ter - com almoços em família e corneto de morango à sobremesa.
Recordo que sempre tive jeito para irmã mais velha! Para a Li sempre fui tudo o que esta palavra representa, para o bem e para o mal, e sempre senti que este sentimento forte era mútuo. Minha companheira nas saídas da adolescência, por quem intervinha junto dos pais nos pedidos e nas desculpas, e a quem emprestava roupa mas sempre dei o coração.
Tenho saudades do pão com manteiga, comprado ao quilo e ainda quente, acompanhado de um chá preto em casa da minha avó paterna, ou a semana de praia com direito a cevada quente e banho de água doce no tanque de pedra.
Ainda me lembro do arroz do forno ou das broinhas doces com que a minha avó de coração nos deliciava. Do bolo comido atrás da porta, do saltar a fogueira sete vezes para talhar o treçolho, das rezas a Santa Bárbara por causa das trovoadas... e, da sua pele de 82 anos branca como a neve, linda e brilhante.
Lembro nitidamente do pudim de chocolate da minha tia, ainda lhe recordo o sabor, e os iogurtes caseiros que preparava para as duas sobrinhas casulas. E da casa dela guardo ainda memórias dos meus primos! Das vezes em que me sentei na cama da Faula a ver a sua maquiagem e me sentia quase crescida, ela sempre bem disposta e divertida e linda para arrasar com eles; do carinho com que o P, o mais próximo de nós talvez pela idade, ajudava as primas a subir a escada de madeira até ao seu mundo mágico e com entusiasmo nos mostrava pequenos bichos de quatro patas acrobatas e bebés de pequenos bicos esfomeados. Não me admira que fosse o neto preferido da avó. Sempre foi um doce este meu primo!
E porque falamos de pássaros, sinto falta do avô. Do seu ar refilão, das suas cantorias no pombal, de olhar os seus dedos amarelados pelo vício do "português suave", do seu silêncio.
Hoje, Dia Internacional da Família, e que com o J. pai estou a fazer crescer a minha família, só posso fazer votos para que um dia os nossos filhos não saibam apenas, e de forma abstrata, definir o que a palavra significa mas saibam descrevê-la em pormenor, como aliás, felizmente, os meus pais nos permitiram e orientaram a ser capazes. 

Sem comentários:

Enviar um comentário