quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Mãe abraço de árvore

São 8 horas da manhã. Sou uma árvore. Despida! Sou só ramos de uma cor melâncolica e tristonha. 
Estremeço! Pelos meus ramos escorrem lágrimas de orvalho, sinceras, tristes e culpadas. 
Ao meu lado tu! Nasceste de mim, das minhas entranhas, e tens crescido a meu lado. Os teus ramos são ainda tenros e tens uma folhagem brilhante e alegre. 
Não invejo o teu brilho nem tão pouco a tua alegria. És minha filha, nasceste de mim, e, por isso, eu um dia também fui assim, como tu, resplandescente de esperança. 
Hoje estás menos brilhante que nos outros dias, e eu mais cinzenta e hirta que nunca. Não gosto desta minha cor... desta minha altivez! Sei que tu também não! Gostas da mãe abraço de árvore - enorme, protetora, quente. Mas hoje estou que nem pedra e cal - hirta e mais despida que nunca!
Os meus ramos ontem quase partiram, abanaram com força e toda eu era tempestade. As minhas raízes quase se ergueram do chão e toda eu era vendaval!
Os teus ramos, pelo contrário, recolheram; a tua folhagem perdeu cor; e, toda tu estremeceste. Por cima de ti uma nuvem cinzenta e carregada apareceu e pelos teus ramos caíram lágrimas de chuva.
Depois da tempestade veio a bonança. Antes que adormecesses num sono profundo e triste, deixei que os meus ramos um pouco da tua cor tomassem e abracei-te num abraço de mãe árvore sentido, forte e envergonhado.
Encostaste-te a mim também envergonhada mas como sempre esperançosa e carente deste amor de mãe. Os nossos ramos unidos confundiram-se. As lágrimas de orvalho que por eles caíram formaram um rio e, eu e tu, voltamos a ser uma só. 
Para ti My Little M. todo o meu amor

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