domingo, 29 de junho de 2014

Um filho nunca se vai...

Depois que um filho nasce jamais ele se vai... Quando ele nasce, as cores do arco-íris ficam mais vivas, o sol de um amarelo mais brilhante, as pétalas das flores mais viçosas e o céu torna-se de um azul mais profundo.
Depois que um filho nasce jamais ele se vai... O cheiro das flores é mais intenso, a chuva que nos cai no rosto ganha magia e a fruta mordida na praia um sabor mais doce.
Depois que um filho nasce jamais ele se vai... Com ele um novo eu nasce - mais maduro, mais choroso, mais entusiasta, mais solidário, mais receoso do dia seguinte... passamos a ser mais tudo e muito menos nada.
Depois que um filho nasce jamais ele se vai... desde esse dia que qualquer mãe deseja viver para que ele a possa ver partir, de cabelos grisalhos e rugas nas mãos. Nesse dia, o seu colar de pérolas será dele e todo o seu ser, nessa altura envelhecido e cansado, para ele não será mais que um recordar saudoso daquela que foi a sua mãe. 
Nesse dia seremos, nós mães, mais e menos felizes que hoje. Não mais recearemos os passeios da escola, as férias de verão na praia, as multidões, a piscina da casa do vizinho, os carros apressados na rua, as janelas abertas dos seu quarto nas noites de calor, as compras no shopping... mas também, e desse dia em diante, não mais olharemos os seus olhos brilhantes ao vislumbrarem o nosso rosto pela manhã, não mais sentiremos o seu abraço enquanto adormece depois de um dia de brincadeira, não mais ouviremos as suas risadas ou veremos as suas birras, não mais sentiremos o seu perfume ou pentearemos o seu cabelo.
Não estou preparada ainda. É cedo demais! 
Jamais estarei preparada! Será sempre cedo demais! 
Nenhuma mãe está, porque depois que um filho nasce jamais ele se vai e jamais nós conseguiremos deixá-lo ir!

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