Hoje a M. está doente. Os seus enormes olhos estão mais brilhantes do que habitualmente e o seu corpo franzino tem tudo menos vontade de comer apenas uma carência enorme de se esconder do mundo e dormir o sono dos justos.
Com ela assim, aqui deitada ao meu lado prostrada e num sono que é tudo menos tranquilizador, entre mimos e delírios de uma febre que insiste em não baixar penso na sorte que tenho. Ter filhos saudáveis é das maiores benções e quando digo saudáveis digo com as habituais viroses, constipações e até gastroentrites.
Não é que fique feliz quando essas habituais mazelas nos tocam à porta! Detesto ter os meus filhos doentes. Qual a mãe ou pai que gosta?! Quase choro por os ver prostrados, sem vontade para comer ou brincar, queixosos e ensonados mas hoje admito fossem todos esses os males que viessem aos mundo! Basta lermos os jornais ou ver os telejornais, abrir a página do nosso FB ou mesmo meter dois dedos de conversa com o vizinho, para ficarmos a saber que o Rodrigo, filho do vizinho do 2º esquerdo, ou o Gustavo, filho de jogador de futebol mediático, sofrem de um mal maior onde o tempo é o maior dos inimigos. Para esses pais o relógio não pára e cada tic tac que ecoa é um fio de esperança que desvanece.
Infelizmente parecem crescer o número de casos que, com mais ou menos mediatismo, fazem o nosso coração de pais ficar apertadinho. São cada vez mais os Rodrigos e Gustavos no mundo, no nosso país, na nossa cidade ou aldeia, no nosso bairro ou rua, no nosso prédio, nas nossas casas... sedentos de uma mão amiga disposta a ajudar e esperançosos numa esperança muda que nem sempre se cala e sacia. Por isso, ainda que nos parta o coração vê-los com febre a rondar os 38.5ºC, dores de barriga, cabisbaixos e birrentos, mimalhotes e ensonados, devemos suspirar aliviados e dizer "bendita virose ou pingo no nariz!"
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